O dia 20 de maio ficou marcado por uma nova sessão do Projeto Intergeracional.
Este projeto, desenvolvido pelo Gabinete das Juventudes e pelo Gabinete da Educação, propõe juntar os mais novos e os mais velhos em atividades regulares, de maneira a aumentar o contacto entre gerações, que se vê tão reduzido nos dias de hoje.
Para a sessão de maio juntámos as diferentes gerações de modo a, em conjunto, refletirmos sobre dois temas urgentes nos dias de hoje: as demências e o isolamento das pessoas mais velhas.
Para dar início a esta ação de sensibilização, contámos uma vez mais com um espetáculo dinamizado pelos alunos do Curso Profissional de Técnicos de Apoio Social do Agrupamento de Escolas Braancamp Freire, intitulado “Se o arrependimento matasse”.
Nesta emocionante espectáculo assistimos a uma cena familiar (não tão distante nem tão invulgar quanto seria de desejar), em que os filhos decidem o que “fazer” com a mãe – idosa e com demência -, focando-se nos bens materiais e na aparente falta de tempo, enquanto a neta apenas queria que a avó ficasse com eles para poderem brincar juntas.
Ambas as gerações estavam estupefactas ao ver a peça. Não se mexiam, não murmuravam. As crianças descolaram-se das cadeiras, observando de boca aberta o que se passava. Por sua vez, os mais velhos observavam, atentos, com um olhar soturno, um olhar conhecedor daquela realidade. A peça não deixou ninguém indiferente.
Na altura de discutir o que se tinha visto, as palavras faltavam a todos. A nossa geração mais velha partilhou a sua sabedoria de vida, de quem já tinha cuidado de quem deles cuidou.
Mas o palco foi das nossas crianças: com a sua “sabedoria” inocente e com os seus olhos “limpos” para ver o que realmente importa: “Achei muito mal, porque o que importa não são os bens materiais, mas sim as pessoas!”, “Devemos cuidar de quem cuidou de nós”. A nossa juventude mais velha realçou que “agora as famílias são mais pequenas, temos menos pessoas a quem recorrer”, reforçando o quão importante são os laços e rotinas criados com os amigos, vizinhos e comunidade envolvente.
Em jeito de conclusão, falou-se no que se pode fazer para prevenir as demências e promover uma saúde mental saudável em todas as idades. Mais uma vez, as nossas crianças brilharam, dizendo uma delas bem alto: “Não nos isolarmos!”.
Ao saírem, os participantes iam deixando uma palavrinha mais pessoal, mais íntima: “Obrigada por me terem convidado, é muito importante falar destes assuntos, especialmente alertar as crianças”, dizia uma senhora, enquanto um menino confidenciava “Gostei muito, foi muito emocionante”. E assim, juntos, diferentes gerações saíram certamente com algumas dúvidas, mas também com uma certeza: só juntos, a aprender e em relação, olhando uns pelos outros, podemos contribuir para um futuro melhor.