A iniciativa À Descoberta de Lisboa leva os nossos fregueses com idade superior a 55 anos a passear por vários monumentos da capital.
Nesta edição decidimos fazer uma viagem pelos Palácios de Lisboa.
Assim, no passado dia 8, fomos conhecer o Palácio O’Neill e dividimos a visita em duas partes: Farol e núcleo museológico de Santa Marta e Casa de Santa Maria.
A Casa de Santa Maria foi desenhada em 1902 pelo arquiteto Raul Lino por encomenda de Jorge O’Neill para sua filha, Maria teresa, como prenda do seu casamento com António Avillez.
Este Palácio pertenceu à família O’Neill Avillez durante 100 anos, passando após isto para as mãos do irmão do arquiteto da obra, José Lino.
Em meados do século XX esta passa para as mãos da família Espírito Santo Silva, que aqui se manteve até 2004, sendo então comprada pela Câmara Municipal de Cascais que abriu as suas portas para o público.
Tanto com a família O’Neill Avillez, como com a família Lino, o Palácio conheceu várias modificações que podem ser observadas através da diversidade de materiais, estilos e elementos decorativos, onde são evidentes as influências do movimento inglês Arts & Crafts, de uma filosofia em prol do Artesão e em desfavor da repetição mecânica que havia sido trazida pela Indústria.
Estas influências são características formais do autor, que tentava defender os valores tradicionais da cultura portuguesa, aplicando neste palácio as mais belas técnicas artesanais de construção e decoração do nosso país, empregando nos espaços azulejos, decorações alegres e coloridas, utilização de cantarias nos vãos, introdução de alpendres, o uso da tradicional telha lusa e beiral à portuguesa.
Todos estes atributos faziam da Casa um “refúgio familiar”. Aqui observámos azulejos monocromos azuis e brancos, típicos do Barroco Nacional, provenientes da ruína da Capela de Nossa Senhora do Monte; tecto de madeira em caixotões pintados a óleo, com temáticas religiosas, campestres, vegetalistas, florais estilizados; azulejos do século XVI em tons de verde e amarelo-ouro que aludem à influencia têxtil na azulejaria, simulando tecidos brocados; azulejos art déco da autoria de Raul Lino em tons de azul, amarelo e apontamentos a preto. Esta Casa, de pequenas divisões e de arquitetura falante, vê as suas salas naturalmente prolongadas pela Natureza envolvente, onde se vivenciaram convívios de famílias da sociedade portuguesa a par de figuras internacionais, como os Condes de Barcelona e o seu filho Juan Carlos (Rei de Espanha).
O Farol de Santa Marta foi construído após a Restauração da Independência de Portugal no século XVII, tendo sido apenas edificado em 1868 mas com a cotação de farolim. Com o aumento da construção de habitações na zona costeira, dada a fraca intensidade do farolim, que confundia os marinheiros, não permitindo distinguir o que era o farolim e o que eram casas.
Passou a ser automatizado já nos anos 80, sendo adicionada uma cúpula e passando à cotação de Farol.
Hoje, o Farol continua em funcionamento e as habitações dos faroleiros foram reabilitadas e transformadas em núcleo museológico onde se pretende fazer uma abordagem geral sobre os faróis e os faróis de Portugal, abordando mais concretamente o Forte e o Farol de Santa Marta e os faróis e as ajudas à navegação em Cascais e na barra do Tejo. Este núcleo chama também a atenção para a função do Faroleiro, e as suas artes e ofícios, expondo o mais diversos utensílios utilizados diariamente pelos faroleiros, desde o século XVII aos dias de hoje.
Foi um dia muito bem passado. Aprendemos muito e visitámos estes belos locais, com tantos detalhes e curiosidades que saímos desta visita muito mais ricos e cheios.
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